segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Com quem está o trono?


Com quem está o trono?

“Então, Adonias, filho de Hagite, se exaltou e disse: Eu reinarei. Providenciou carros, e cavaleiros, e cinqüenta homens que corressem adiante dele. Jamais seu pai o contrariou, dizendo: Por que procedes assim?” (1 Reis 1:5, 6)
Com quem está o trono?
Davi foi um personagem do Antigo Testamento com um problema muito moderno. Ele ignorou, em momentos decisivos, estabelecer limites para os filhos, como podemos conferir nos livros de 1º e 2º Samuel e, mais especificamente, nos versículos acima, em que, Adonias, o quarto filho de Davi com Hagite (2 Samuel 3:2-4), quis usurpar o trono.
Como Davi, os pais, às vezes, podem querer evitar envolvimento em situações em que a confrontação é inevitável. Será que existe alguma coisa, em relação a nossos filhos, que permitimos que continue ocorrendo, mesmo cientes de que é errada? Será que vamos continuar hesitando em nossas decisões mesmo que isso comprometa o futuro deles e o nosso?
De acordo com as narrativas bíblicas, a família de Davi foi muito afetada devido a seu comportamento negligente como pai. Esse episódio em que Adonias, seu próprio filho, tenta usurpar o trono, nos alerta para o perigo de não estabelecermos limites para nossos filhos. Se falharmos na questão de fixar regras, ordem e diretrizes básicas para o lar, espontaneamente os filhos cuidarão de estabelecer seu reinado e, com ele, sua própria constituição, isto é, suas próprias leis. Os filhos precisam saber que em casa já há um rei, e a melhor maneira de descobrirem isso é por meio de os pais instituírem o governo em casa. Os filhos, desde o berço, fazem incansáveis tentativas para sobressair-se em relação aos pais. Se os pais não apresentarem logo um decálogo aos filhos, são os filhos que apresentarão seu decálogo aos pais, isto é, suas normas.
A Bíblia fez questão de apontar a negligência de Davi, como pai, quando disse: “Jamais seu pai o contrariou”. Se derem liberdade incondicional aos filhos para fazer e escolher as coisas, os pais estarão deixando de reinar em casa e por causa disso sentirão, ao final, o gosto amargo de encontrar o pequeno Adonias, seu filho, sentado no trono, liderando infantil e irresponsavelmente sua própria vida. Se não houver, para os filhos, uma estrada com placas que indiquem o que podem e o que não podem fazer, o fim será o precipício. Que amigos os filhos podem ter, que roupa vestir, que alimento comer, em que horas estudar, em que condições podem deixar de ir à aula, a que programa de televisão assistir, quando namorar: essas e outras questões tão fundamentais não podem ser colocadas para crianças resolverem, se bem que seja o maior desejo, o grande objetivo delas. Em sua casa, quem está assentado no trono decidindo tudo isso, você ou seu filho?
Alguns pais imaginam que estabelecer limites para os filhos elimina a liberdade. A bem da verdade, os limites propiciam para os filhos liberdade adicionada a segurança. Ao orientarmos um filho a não brincar do outro lado da rua, estabelecemos um limite de segurança. Os filhos vão acabar percebendo que brincar até onde os pais estabeleceram é aceitável e seguro. Entretanto, quando não há determinação expressa para os filhos, eles podem até brincar, mas duas preocupações serão constantes neles: 1) Eu posso estar aqui? 2) É seguro brincar por aqui? Apoiado nessa experiência, podemos dizer que há dois tipos de liberdade – a aparente liberdade, resultado da atitude dos pais em permitir que os filhos façam tudo e a verdadeira liberdade, resultado do estabelecimento de limites. A verdadeira liberdade só é sentida com o estabelecimento de limites. Portanto, o procedimento dos pais em recusar-se a impor regras, limites e diretrizes aos filhos mais vai prejudicar do que ajudá-los. Se os pais não aprenderem a contrariar os filhos, a questionarem “Por que procedes assim”, o pequeno Adonias dirá um dia: “Eu reinarei”. A palavra contrariar vem do latim – contrariare -que significa causar descontentamento, fazer ou querer o contrário, desgostar. Deus começa o relacionamento com o recém-criado Adão dizendo não a ele. A palavra que os filhos precisam ouvir quase sempre é não. O ser humano não é tão frágil assim que não possa ser desgostado, contrariado ou barrado.
A psicologia do sim tem estragado muitas crianças e produzido muitos reizinhos, que acham que todas as coisas lhes pertencem, que as pessoas são seus criados e que os ambientes por onde passam devem amoldar-se a seus caprichos. Os filhos devem conhecer a disciplina no momento que romperem os limites estabelecidos pelos pais ou por qualquer outra pessoa que esteja responsável por eles (Provérbios 22:15).
Que o Senhor, com Sua palavra, nos dê graça para conduzirmos nossos filhos de maneira adequada. Sabemos que todo o trabalho na infância não é garantia de sucesso, mas a sua omissão, praticamente, assegura o fracasso.

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